210414
Deixando Lisboa para trás foi a caminho da cidade que chamava por ele desde o dia que partiu. Ela estaria lá, como sempre estava, e tinha saudades de a ter nos braços, não que pudesse beijá-la ou dizer o quanto a amava, mas podia apreciar o sorriso dela e senti-la contra si mesmo daqui a umas horas. Abriu o vidro do carro, entrou na autoestrada e acendeu o cigarro, conseguia ouvia-la reclamar sobre o vicio que mantinha. Olhou o relógio e podia vê-la na explanada tentar decidir que chá tomar e a pedir sempre o mesmo, atar o cabelo e começar a ler. Podia imaginar-se a surpreende-la, falar com ela sobre tudo o que passou, ocultando as saudades que teve dela, falar sobre trivialidades porque já tinha vontade de vê-la fingir que não gostava de algo só porque ele não gostava. Esses pequenos prazeres são o que mata por dentro quando está só e longe.