O tempo intermédio.

Hoje as tarefas eram poucas e demasiado rápidas para me ocupar a mente, tomei um banho quente e relaxante, penteei o meu cabelo demoradamente em frente ao espelho. Eu esperei chorar, mas parecia que me tinham terminado as lágrimas. Sai para a rua, ar fresco iria fazer-me bem, sentar na esplanada de um café qualquer, beber um chocolate quente e ler um bocado do livro que à tanto andava para ler.
Mas assim que comecei a andar passei no jardim e perdi-me a olhar as crianças que inocentemente gritavam e brincavam, os casais de namorados que por ali andam de mãos dadas com gestos de amor para dar ao mundo a conhece-lo. Sem saber como, dei comigo num banco vermelho vivo, um banco que nada tinha diferente dos outros, a não ser que aquele era o nosso banco, senti um aperto no coração, perguntei-me se aquela lágrima que impedi de sair, era  de dor ou devido a uma memória. Simplesmente me levantei daquele lugar que tinha tanto de belo como de recordações felizes de um tempo passado que já não tem retorno. Então sem olhar para onde ia, esbarrei numa pessoa, pedi desculpa e ia seguir em frente, mas era ele e não segui. Simplesmente apertei o coração e cumprimentei-o como faria a qualquer um, com um sorriso no lábios, e uma dor que me rasgava por dentro. Sair dali era falta de educação, e só iria levar a que pensasse que eu ainda sinto algo, ou simplesmente o magoaria por ele ainda poder sentir; é que não sei porquê, mas passo a vida a tentar não magoar as pessoas, mesmo as que nem se preocupam comigo; a conversa terminou, e ele seguiu o seu caminho.. Mas eu vi no seu olhar a pergunta que ele queria fazer porque estava ali, naquele banco, se ainda me lembrava dele, se ainda o amava. E eu respondi para mim mesma enquanto deixei o passado afastar-se: Estou aqui, porque ainda não te esqueci, porque cada pedaço de mim ainda sente a tua falta. Eu simplesmente não sei se foi honestidade, ou se foi pura dor, mas eu senti um pouco das duas quando virei costas, e segui um caminho diferente mais uma vez.

Comentários

  1. Adorei este texto! Está super sincero embora dê a entender que precisas de seguir em frente :x

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  2. Carolina, eu precisei e eu segui. Este texto foi escrito a recordar um dia à já uns quatro anos. Na altura sentia, agora é apenas uma página de um livro que nunca foi publicado.

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  3. O problema é que os pesadelos andam a ser transportados para a vida real.

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