301012

Consegui ouvir as enfermeiras do outro lado das cortinas, eu estava na cama pedindo para poder sair dali. Eu tinha consciência de que ele estava à minha espera, provavelmente sem saber se haveria sentar na sala de espera se haveria de ficar junto à porta de urgências, consegui pressupor tudo o que fazia, para mim sempre fora previsível. Uma senhora baixa chegou junto a mim, e ficou falando comigo, dizendo tudo o que se ia passar, para onde seria levada e o que me seria feito, seriam três simples injecções que nada tinham de preocupante, ou pelo menos era isso que ela queria que eu acreditasse. Ela foi falando comigo dizendo que ele queria entrar mas que tinha de aguardar um pouco mais e continuou fazendo me perguntas, sobre onde trabalhava e os meus gostos, e no momento em que a segunda injecção se foi entranhado eu vi tudo ruir à minha volta com a mesma rapidez e no segundo seguinte eu estava perdida nos meus pensamentos, como uma alma sobrevoando. Aí eu soube que se não voltasse, nem daria pela diferença, ali era tão real como o local onde estava antes. Estava em casa enroscada com ele no sofá a ver televisão. E depois de piscar os olhos estava de novo no hospital onde supostamente perdi a consciência.  Podia pensar no que era real e do que não era, mas eu decidi não fazê-lo.